As consequências da eletricidade no corpo humano

A maior parte das pessoas já experimentou  um choque elétrico e sabe que a sensação não é nada agradável. Para quem trabalha com sistemas elétricos é ainda mais perigoso, pois muitos circuitos elétricos fornecem alta potência de cargas que podem causar problemas bem mais graves.  Confira neste texto quais os efeitos de um choque elétrico no corpo humano.

Consequências da eletricidade no corpo humano

Queimaduras
Na medida em que a corrente elétrica é conduzida por um material, qualquer oposição a esse fluxo de elétrons (resistência) resulta em uma dissipação de energia, geralmente sob a forma de calor.

Este é o efeito mais básico e fácil de entender da eletricidade no tecido vivo: a corrente faz aquecer. Se a quantidade de calor gerado for suficiente, o tecido pode ser queimado.

O efeito é fisiologicamente o mesmo que os danos causados ​​por uma chama aberta ou outra fonte de calor de alta temperatura, exceto que a eletricidade tem a capacidade de queimar o tecido bem abaixo da pele de uma vítima, até mesmo queimando órgãos internos.

Contrações musculares e sistema nervoso
Outro efeito da corrente elétrica no corpo, talvez o mais significativo em termos de perigo, diz respeito ao sistema nervoso. Se uma corrente elétrica forte suficiente for conduzida através de uma criatura viva, sobrecarregará o sistema nervoso, impedindo que os sinais reflexivos possam atuar nos músculos.

Os músculos atingidos por uma corrente externa (choque) serão involuntariamente contraídos, e não há como a vítima reagir.

Este problema é ainda mais perigoso se a vítima entrar em contato com um condutor energizado com as mãos. Os músculos do antebraço responsáveis ​​por dobrar os dedos tendem a ser mais desenvolvidos do que os músculos responsáveis ​​pela extensão dos dedos, portanto, se ambos os conjuntos de músculos tentarem se contrair devido a uma corrente elétrica conduzida através do braço da pessoa, os músculos de “flexão” irão ser mais fortes,  apertando os dedos em um punho.

Se o condutor estiver virado para a palma da mão da vítima,  essa ação de aperto forçará a mão a agarrar firmemente o fio, o que a impedirá de soltar o que lhe está causando o choque.

Medicamente, essa condição de contração muscular involuntária é chamada de tétano. Os eletricistas familiarizados com este efeito de choque elétrico geralmente se referem a uma vítima imobilizada de choque elétrico como “congelada no circuito”.

O tétano induzido por choque só pode ser interrompido parando a corrente através da vítima, mesmo quando a corrente é interrompida, a vítima pode não recuperar o controle voluntário sobre seus músculos por um tempo, já que a química do neurotransmissor ficará desorganizada.

O efeito nos corações e pulmão
A corrente elétrica pode ainda afetar músculos vitais para nossa sobrevivência. O músculo do diafragma (que controla os pulmões e o coração) também pode ser “congelado” em um estado de tétano por corrente elétrica.

Mesmo as correntes muito baixas são capazes de influenciar para que o coração não bata corretamente e passe para uma condição conhecida como fibrilação.

Um coração fibrilante flutua em vez de bater, incapacitando o mesmo de bombear sangue para órgãos vitais no corpo. Essa situação poderá levar a vítima a morte se não for socorrida imediatamente.

O curioso nisso é que os médicos de resgate utilizam uma forte corrente elétrica aplicada no peito de uma vítima (desfibrilador) para trazer de volta um coração fibrilante para um padrão de batimento normal.

Os pulmões também podem parar, causando séria asfixia.

Os choques nos diferentes tipo de correntes elétricas
Os efeitos do choque podem ser diferentes em diferentes tipos de correntes, considerando Corrente Direta (DC) – eletricidade que se move em direção contínua em um circuito ou os sistemas de energia modernos de Corrente Alternada (AC) – a intensidade e a direção são grandezas que variam ciclicamente ao contrário da corrente contínua.

Como AC afeta o corpo depende da sua freqüência. A AC de baixa freqüência (50 a 60 Hz) pode ser mais perigosa do que a CA de alta freqüência e ainda de 3 a 5 vezes mais perigosa que o DC da mesma tensão e amperagem.

Isso porque a CA de baixa freqüência produz contração muscular prolongada (tetania), que pode grudar a mão na fonte,  prolongando a exposição. Na DC é mais provável que cause uma única contração convulsiva, que muitas vezes força a vítima longe da fonte atual.

A natureza alternada da AC tem uma maior tendência para colocar o coração em uma condição de fibrilação, enquanto DC tende a apenas fazer o coração ficar quieto.

Uma vez que a corrente de choque é interrompida, um coração “congelado” tem uma melhor chance de recuperar um padrão de batida normal do que um coração fibrilante.

É por isso que o equipamento desfibrilador usado por médicos de emergência funciona: o choque de corrente fornecido pela unidade de desfibrilador é DC, que interrompe a fibrilação e dá ao coração a chance de se recuperar.

Em resumo, essa imagem mostra como o corpo reage à descarga elétrica de acordo com a potência:

Como podemos ver nesta figura a 60 Hz causa diferentes efeitos, dependendo da quantidade de corrente:

– Limiar de percepção (1 a 5 mA) – corrente mínima no qual o indivíduo sente a corrente.
– Limiar de dor (5 a 10 mA) – corrente mínima no qual a maioria dos indivíduos queixa-se.
– Corrente de “let-go” (10 a 20 mA) – corrente mínima no qual o indivíduo contraiu sua musculatura, por exemplo da mão, e não consegue soltar-se por sua própria força,
– Corrente de fibrilação (100 a 500 mA) – corrente mínima no qual uma parcela significante de indivíduos corre risco de vida.
– Corrente maior que 500 mA – graves queimaduras e morte

A vítima de choque elétrico deve ser socorrida imediatamente, iniciando pelo corte da corrente elétrica.

Se não for possível cortar a corrente, a pessoa deve ser afastada por meio de uma material isolante, como plástico ou borracha.

Jamais tente desgrudar a pessoa na força, pois poderá ficar grudado junto ou machucá-la fortemente.

Enquanto isso os bombeiros e ambulância devem ser chamados com muita urgência.

Fonte: INBEP